O “Projeto Cuc@s Frescas & online” foi um desdobramento do trabalho de um grupo terapêutico realizado pelos psicólogos que começaram a trabalhar nas enfermarias do IPUB-UFRJ em 2004 - o Grupo de Reflexão. Este profissionais recebiam semanalmente, numa sala fora das enfermarias, egressos de internações e usuários, que ainda estavam internados do Instituto de Psiquiatria da UFRJ (IPUB-UFRJ). Este projeto foi desenvolvido entre 2012 a 2015, caracterizando-se pela criação de textos e imagens para constituir um jornal impresso que aos poucos foi cedendo espaço para entrevistada filmadas e transcritas, feitas pelos usuários com pessoas escolhidos por eles. Vale lembrar que nosso jornal recebeu o nome de  ‘Cuc@s Frescas’ de um cliente que acabara de receber alta e costumava dizer que tinha voltado da guerra e queria sombra e água fresca.

O ‘Cuc@s Frescas’  teve início a partir do crescente interesse dos usuários por computadores e pela internet, demonstrando desejo por fazer parte destas novas formas de comunicação e socialização. Em 2013, devido ao inicio de uma pesquisa pós-doutoral na  Escola de Serviço Social da UFRJ (ESS-UFRJ), quinzenalmente, a coordenadora do projeto tinha aulas na ESS-UFRJ no horário do grupo. Mesmo assim, os demais integrantes do grupo, usuários e alunos da Especialização em Psicanálise e da Residência Multiprofissional decidiram continuar o projeto semanalmente. Em 2014, mediante contato com o ativista do movimento dos usuários dos EUA, Richard Weingarten, que esteve no Brasil e foi entrevistado pelos ‘Cuc@s Frescas’, a coordenadora do projeto foi apresentada ao pesquisador da Universidade Yale e coordenador do Programa de Saúde Comunitária desta Universidade (o PRCH),  Larry Davidson e passou a desenvolver o 2a. fase da pesquisa nos EUA, com bolsa da CAPES.  A partir do debate sobre como o projeto iria funcionar durante a permanência da coordenadora do projeto em New Haven, usuários e alunos decidem manter o grupo e fazer contato com a coordenadora via skype, e-mail e WhatsApp.

De maneira geral, podemos dizer que este projeto contribuiu consideravelmente para o resgate do poder contratual e da capacidade de negociação dos usuários, por ser um dispositivo que lhes dava visibilidade e favorecia a troca de experiências entre eles. Esta rica experiência de trabalho deu origem ao Projeto de Extensão  “Arautos do Mundo” que em  2015 ainda não tinha um formato de um Projeto de extensão, o que se tornou em 2017. E, desde então, vem se reinventando até os dia atuais.